Bebês Geneticamente Modificados
Na última semana, o mundo ficou surpreso com um anúncio feito por um cientista chinês. He Jiankui, afirmou ter conseguido desenvolver bebês geneticamente modificados. Isso permitiria que a AIDS fosse evitada por essas pessoas.
De acordo com o pesquisador, os bebês foram duas meninas gêmeas, nascidas no último mês. A pesquisa não foi divulgada em nenhuma revista científica, portanto, ainda há uma certa desconfiança com relação à veracidade dos resultados.
O estudo foi realizado da seguinte forma:
A modificação aconteceu durante a fertilização in vitro. O primeiro passo foi a lavagem do esperma, permitindo a separação do semêm – fluido que pode conter o HIV.
A partir da escolha de um único espermatozoide para um único óvulo, houve a fecundação e a adição de uma ferramenta de modificação genética.
Os testes foram feitos com vários embriões. Quando eles estavam com cinco dias foi feita a remoção de algumas células, que foram verificadas quanto a edição.
Todos os casais que estavam participando do projeto, puderam escolher entre tentar engravidar com embrião modificado ou não.
De acordo com o cientista, uma das gêmeas teve a cópia dos genes alterados, a outra só teve uma parte. Isso significa que apenas uma está imune ao HIV. Além disso, ele afirma que não houve nenhum dano aos outros genes.
Porém, isso não é uma unanimidade. Outros cientistas que leram toda a pesquisa dizem que é muito cedo para dizer que o experimento funcionou e, principalmente, que nenhum dano foi causado.
É ético modificar a genética de bebês?
A discussão a respeito de até qual ponto a ciência pode ir é muito longa. Especialmente no que diz respeito à modificação genética do ser humano.
Apesar de He Jiankui se dizer orgulhoso de sua descoberta, muitos cientistas acham que ela é antiética.
A maioria dos países proíbe esse tipo de pesquisa. Uma das principais questões é o fato de que mudanças genéticas, causam mudanças nas gerações futuras. Por isso, a comunidade científica acredita ser impossível calcular os seus efeitos a longo prazo.
Ou seja, pode até ser que o que for feito evite a AIDS, mas é impossível prever se causará outra doença.
China proíbe a pesquisa
A repercussão da notícia foi muito mal vista pela comunidade mundial. A Universidade onde o cientista trabalha afirmou que não tinha conhecimento da pesquisa e que o cientista estava de licença desde fevereiro.
Na quarta feira (28/11), o cientista afirmou que faria uma pausa nos experimentos. Entretanto, também avisou que mais um casal estava esperando um bebê geneticamente modificado.
Na quinta feira (29/11) o governo chinês deixou claro que os estudos não continuariam nem se o cientista desejasse. O vice-ministro de Ciência e Tecnologia da China, Xu Nanping, classificou o experimento como “chocante e inaceitável”.
Thaís Dias