Tiago Mabilde | Pipa Aceleradora

Entrevista: Tiago Mabilde | Co-Fundador da Pipa Aceleradora

Hoje tenho a felicidade de trazer um empreendedor em série, um investidor, que é um dos co-fundadores da Pipa, aceleradora que também foi selecionada pelo Start-Up Brasil, o Tiago Mabilde @tmabilde.

Foi a minha primeiro entrevista “pessoal”, aconteceu aqui mesmo no Rio de Janeiro e a calma do Tiago me deixou muito feliz. Essa entrevista será em duas partes, vamos lá?

 

A inspiradora história do Tiago Mabilde.

Aos 18 anos, antes de ele entrar para a faculdade, alguns amigos o convidaram para abrir um negócio, um desses amigos, tinha vindo dos Estados Unidos e tivera seu primeiro contato com a internet.

Surgia então uma das primeiras empresas de desenvolvimento de web do Rio Grande do Sul, onde conseguiram conquistar diversos clientes por lá.

Nesse meio tempo, conheceu uma pessoa que o convidou para um outro projeto de software, de gerenciamento de redes.

Assim, ele ficou inseguro e resolveu pesquisar sobre o assunto com seus amigos do MBA, o feedback foi positivo e resolveu apostar no projeto.

A empresa foi muito bem sucedida, Tiago se mudou para São Paulo, onde viveu 11 anos.

Ele ficou mergulhado no mundo de software, eles concorriam com os maiores do mundo como Microsoft e HP, “foi um case muito interessante” segundo ele.

Na época que ele resolveu apostar na empresa, muitas pessoas disseram que era loucura,  “dizem que é um bom sinal, quando falam que é algo louco” eu completei. O grande problema foi no inicio manter as pessoas engajadas, levantar recursos.

 

Próximos Passos

Depois resolveu vender a sua parte da empresa e um pouco sem saber o que fazer, decidiu fazer investimentos como Anjo, sozinho mesmo, mas teve problemas no acompanhamento dos seus investimentos.

Algumas preocupações, como se as empresas tivessem passivos com o não pagamento de impostos, coisas desse tipo, o que acabou se transformando em uma empresa de participação e investimentos.

Alguns amigos tiveram interesse, investiram juntos e fundaram a Warehouse Investimento, que existe até hoje.

” Aprendi todo o outro lado, que era o lado de investimentos, de montar um fundo, estruturar um fundo, uma experiência completamente nova.

Conhecia o lado do empreendedor e foi muito interessante sim de ter percorrido os 2 lados da cadeia.

De um lado montando o negócio, recebendo investimento anjo, recebendo investimentos mais estruturados, depois comecei eu a fazer investimentos como anjo, depois através de uma empresa de participações e depois de montar um fundo.

Percorri os 2 lados da mesa, foi um grande aprendizado” conta Tiago

Resolveu deixar São Paulo e voltar para Porto Alegre, com a sua esposa grávida, pois ele não queria ser apenas um executivo de de um fundo de investimentos, ele sempre gostou mais de trabalhar ao lado dos empreendedores e foi então que teve a ideia de montar uma aceleradora.

Ele iria conseguir conciliar a parte de investir em empresas e poderia ajudar no início das startups. Pensou na turma da Cria, que ficava no Rio de Janeiro.

Veio montar o projeto junto a eles e mais pessoas que agregaram muito ao projeto e esse é seu atual desafio.

 

Talita: O que falar para quem só pensa em investimento?

Tiago: “O foco não é montar a empresa para receber investimento, tem que montar uma empresa para resolver um problema, esse é o objetivo principal de qualquer empresa.

Teve muita empresa que nasceu, teve sucesso e não recebeu investimento. Eu já montei algumas empresas onde algumas tiveram investimentos e outras não, acho que um facilitador a aceleradora, isso ajuda muito.

Na época não existia, a aceleração é sem dúvida um atalho, um facilitador, impulsionador.

Mas eu acho que o cara que monta uma empresa pensando em receber investimento, começou errado, ele está com o foco errado, acho que ganhar muito dinheiro ou receber investimento é uma consequência de um trabalho bem feito.

Ele não é o fim, é uma consequência de fazer um produto muito legal, de satisfazer os seus clientes, de resolver um problema, uma necessidade que é de muitas pessoas, no nosso caso, na sociedade.”

 

Talita: Qual o maior erro na hora de empreender?

Tiago: “Muitas pessoas empreendem pelos motivos errados, “eu quero empreender porque eu não quero ter chefe”, “eu quero empreender porque eu quero ficar rico, porque é cool” eu acho que são todos os motivos errados para se empreender.

Para empreender tem que ter uma paixão, porque você está vendo uma coisa que incomoda demais e se quer resolver esse problema e se conseguir fazer isso, consequentemente você vai ganhar muito dinheiro e você vai receber investidores, eles virão atrás.”

Talita: Como funciona para conseguir um investimento de vocês?

Tiago: “Temos um processo de seleção pelo nosso site, um formulário para seleção de empresas, em uma segunda etapa ocorrem entrevistas de forma remota e/ou presencial.

Entre os critérios que avaliamos na seleção, posso citar equipe, a nossa capacidade de ajudar e o potencial de impacto sócio-ambiental do negócio que é uma característica da Pipa.

 

Tiago da Pipa Aceleradora

Como a Pipa é uma das aceleradoras do Start-up Brasil, agora também temos o processo seletivo que é enviado diretamente ao MCT (Ministério de Ciência e Tecnologia).

Conforme previsto no edital, as empresas que quiserem se candidatar para este programa, tem que utilizar a plataforma criada pelo governo e a seleção final das empresas.

Assim, é de responsabilidade de um comitê criado pelo Start-up Brasil, é liderado pelo MCT.

Gostaria de aproveitar e mais uma vez parabenizar o Governo Federal e o MCT pela iniciativa Start-up Brasil, que acredito que vai contribuir muito com o desenvolvimento do Pais e especialmente com o ecossistema empreendedor.

Uma recomendação importante, é que os empreendedores se inscrevam tanto no site da Pipa como no portal do Startup Brasil.”

 

Talita: Sobre a questão do CNPJ ou MEI?

Tiago: “Pelas informações que recebi até agora, é obrigatório que a empresa exista, isto é, tem que ter um CNPJ, ou no mínimo um MEI que é mais simples de fazer, é pode ser mais adequado aos empreendedores que estão em uma fase mais inicial.

É um critério do edital que de certa forma acaba sendo um filtro, é uma quantidade de recursos boa neste primeiro momento, 200 mil reais por startup.

Acredito que é um critério correto e importante solicitar que as empresas/empreendedores estejam formalizados.”

 

Talita: Como será o repasse?

Tiago: “O dinheiro vai direto para os empreendedores, as aceleradoras não recebem nenhuma parte destes recursos, a liberação deve ser de acordo com metas, montamos um plano de ação/trabalho junto com o empreendedor.

Isso é basicamente o ciclo de aceleração, que nosso caso é de 6 meses, então montamos esse plano, o que será feito, o que será executado, quais serão as metas, os objetivos e a liberação dos recursos acontece mensalmente em no máximo 12 meses.

Esse é o trabalho da aceleradora, fazer esse acompanhamento, tem que garantir que as coisas estão acontecendo  que o dinheiro está sendo aplicado de uma maneira correta.

A aceleradora não recebe nada, 100% para o empreendedor e nossa contra-partida como aceleradora é investir junto, de manter a estrutura, de receber todas essas pessoas, manter a equipe e o acompanhamento, que é um investimento significativo da nossa parte.”

 

Talita: Vocês recebem ações das empresas, existe uma média?

Tiago: “Isso varia muito de aceleradora para aceleradora, algumas tem percentual fixo.

No caso da Pipa, depende do estágio da empresa. Tem empresas que tem zero de receita, tem outras que já estão no estágio mais avançado com clientes, receita, lucro, então isso vai ter uma negociação entre o empreendedor e as aceleradoras que vai determinar qual o percentual, uma coisa de comum acordo.

Normalmente algo entre 5 e 20%.”

 

Talita: No Brasil as porcentagem são muito maiores que nos Estados Unidos, por que?

Tiago: “Não diria muito maior, é um pouco maior na média, basicamente porque o mercado é mais maduro nos Estados Unidos em todos os aspectos.

Tem mais investidores e investimentos, os empreendedores são mais bem preparados a cultura é muito mais empreendedora, as universidades são melhores estruturadas.

O mercado de startups, early stage, seed capital, aceleradoras é novo no Brasil, estamos em um estágio inicial, porém acredito que estamos no caminho certo.

Sou bastante otimista, temos ótimos empreendedores no Brasil, temos boas ideias, bons projetos, o brasileiro é bastante criativo e flexível o que acredito serem características importantes quando estamos tentando encontrar soluções para problemas.

Temos brasileiros ocupando cargos de destaque em grandes empresas no mundo todo, isso mostra que temos boas cabeças no Brasil, porém muitas vezes estes talentos tem que sair do Brasil, o que sonho e desejo e que nosso maiores talentos possam empreender e desenvolver seus negócios aqui.

Falta ainda apoio, estrutura e investimentos para ajudar estes empreendedores a desenvolverem seus negócios, o surgimentos de aceleradoras e a participação do governo neste ambiente, são bons exemplos de iniciativas de apoio, estrutura e investimento.

Acredito que vamos ter ótimas empresas e bons negócios nos próximos anos.”

 

Talita: O que falar para quem só pensa em investimento?

Tiago:“O foco não é montar a empresa para receber investimento, tem que montar uma empresa para resolver um problema e satisfazer um cliente, esse é o objetivo principal de qualquer empresa.

Teve muita empresa que nasceu, teve sucesso e não recebeu investimento. Eu já montei empresas onde algumas tiveram investimentos e outras não, acho que é a aceleradora muitas vezes ajuda mais do que dinheiro.

Quando comecei a a empreender não existiam aceleradoras, o processo de aceleração é sem dúvida um atalho, uma energia extra, um impulsionador.

Mas eu acho que o cara que monta uma empresa pensando somente em receber investimento, começou errado, ele está com o foco errado, acho que ganhar muito dinheiro ou receber investimento é uma consequência de um trabalho bem feito.

Então, ele não é o fim, é uma consequência de fazer um produto muito legal, de satisfazer os seus clientes, de resolver um problema, uma necessidade que é de muitas pessoas, um problema/necessidade da sociedade.

Muitas pessoas empreendem pelos motivos errados, “eu quero empreender porque eu não quero ter chefe” “eu quero empreender porque eu quero ficar rico, porque é cool”.

Assim, acho que são todos os motivos errados para se empreender, tem que empreender porque você tem uma paixão, porque você está vendo uma coisa que incomoda demais e se quer resolver esse problema e se conseguir fazer isso bem, consequentemente você vai ganhar muito dinheiro e você vai receber investidores, eles virão atrás.

Tem muitas coisas que podem ser feitas sem investimento, claro que existem negócios que precisam de capital intensivo, claro que dinheiro é importante quando você precisa comprar um equipamento, ou viajar, ou contratar pessoas.

Porém, na minha experiência como empreendedor, quando eu olho para trás, acredito que o que mais teve valor e foi decisivo, foram as pessoas que me ajudaram e essa ajuda dificilmente eu conseguiria comprar.

Caiu muito os custos para montar um novo negócio, principalmente na área de tecnologia/web/mobile, hoje é possível montar um produto/protótipo com pouco dinheiro.

Tem que trabalhar no que gosta e focar no problema que valha a pena ser resolvido, ter pessoas legais, atrair um time, talentos. Ninguém consegue fazer nada sozinho, acredito muito no time e na complementaridade de perfis.”

 

Talita: Dicas para o Empreendedor que está começando

Tiago: “Encontrar a sua paixão, seu propósito de vida, sua vocação, um problema a ser resolvido, encontrar um time qualificado, sócios complementares e trabalhar muito duro com persistência, o resto é consequência.

Quando se faz um trabalho sério, bem feito, de forma honesta, eu acredito que os resultados acontecem. ”

Nota

Tiago Mabilde, sua participação aqui no Blog foi incrível! Muito obrigada e muito mais sucesso para vocês!

 

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